terça-feira, 18 de março de 2008

Aumento, funcionários públicos e eficiência

O presidente Lula anunciou semana passada aumento para os servidores públicos de várias instituições. Os auditores da Receita Federal entraram em greve. E os servidores do Poder Judiciário de Pernambuco pressionam por aumento salarial.


Gestores públicos estão diante, quase sempre, de pressões salariais advindas do funcionalismo público. Todos querem aumento. É claro, que algumas categorias merecem, como os professores do estado de Pernambuco. Outras, não. Recebi a informação de que os auditores da Fazenda Federal recebem cerca de R$ 13.000,00 por mês. Porém, entraram em greve para receberem R$ 18.000,00. Certamente, os auditores não precisam de aumento, mas os professores sim.

Contudo, apesar de reconhecer que os professores do estado merecem aumento, além de outras categorias, me incomoda o fato de que nas negociações salariais a pauta principal, e talvez única, é o ganho salarial. Melhoria das condições de trabalho, metas, cobranças, eficiência, transparência, prestação de contas. Estas temáticas não fazem parte das negociações. Qual é a razão disto?

Aumento mais aumento. A ciranda é criada. Contudo, o orçamento do Estado tem limite. A carga tributária é exorbitante no Brasil. Algumas instituições públicas não funcionam adequadamente. Os serviços públicos não são oferecidos com qualidade para a população. Então, qual é a razão dos funcionários públicos sempre receberem aumento, inclusive as categorias com salários acima de R$ 3.000,00?

A população, diante da ineficiência do Estado, reclama do governo. Este tem culpa já que não enfrenta os funcionários públicos impondo metas, cobrando resultados. Porém, os reais culpados são os servidores, pois esquecem que são pagos com recursos públicos, os quais advêm dos tributos cobrados à população. Quando um indivíduo faz o concurso público ele já sabe quanto irá ganhar. Friso que é difícil, de acordo com o regime atual, o funcionário público ser demitido.

Perguntei a uma amiga, bem remunerada na iniciativa privada, qual era a razão dela ter prestado o concurso do Tribunal Regional Federal. Ela me disse: “ganha bem e só trabalha seis horas”. Em silêncio pensei: esta é mais uma que não ta nem ai para o todo. Olha apenas para si e reconhece o Estado como cabide de emprego e fonte de renda fácil. Infelizmente!

Espero que nem todos os funcionários públicos pensem de modo parecido a minha amiga. Espero!

2 comentários:

Prof. Félix Jr disse...

Diante uma conjuntura político-sócio-econômica a qual estamos inseridos, é inacreditável as atitudes definidas e tomadas pela atual gestão estadual, no que se diz respeito a educação, temos o pior salário do Brasil e o mais baixo índice educacional do país, avaliados pelo IDEB. Para reverter essa situação o digníssimo secretário de educação e o excelentíssimo governador, para mostrar serviço a sociedade pernambucana contrataram uma empresa mineira, o INDG, para lançarem estratégias e consequentemente tentar reverter esta situação caótica.
Mas, os professores, não têm condições básicas para exercer a função adquirida, pois na maioria das escolas faltam material didático e até mesmo profissionais. É muito difícil concluir projetos em escolas estaduais, não temos recursos pedagógicos e financeiros, pois o salário mal dá pra comer.
Falando em provimentos, temos consciência, que quando nos inscrevemos nos concursos estão lá nos editais os salários para todos verem. Porém, as oportunidades para o educador são remotas, e as intituições privadas se aproveitam de tal situação, onde prevalece a mais-valia.
Será que existe realização profissional sem realização financeira? Com exceção dos sadomasoquistas, é claro.


Prof. Felix Junior
professor da rede estadual de ensino.

Anônimo disse...

A grandeza de um Estado, não está apenas relacionado ao quantitativo de investimento, infraestrutura modernas ou alta tecnologia, mas o grau de educação de seu povo. Não estou falando de instrução, mas de educação, de cidadania plena, não só votar de 4 em 4 anos. É algo maior. Em Pernambuco, a educação esbarra em vários problemas (com exceção das escolas integrais) falta de pessoal: funcionários administrativos, educadores de apoio, coordenadores de disciplina, serviço geral, merendeiras, segurança e até professores formados.Juntando-se a isso um corpo discente que não vê o valor da educação, pois vivemos em uma sociedade capitalista, mas esperam que o professor não deva receber pelo trabalho realizado, de alta referência nacional. Trabalho em uma escola de periferia em que 90% é de afrodescedentes, que não se reconhecem como negros, as famílias não acham importante a escola, há falta de vários profissionais nas áreas anteriormente referidas. Todos os dias é uma luta titânica para que se diminua a violência na escola, que os alunos não entrem no mundo das drogas, que as meninas não reproduzão a história das mães solteiras com vários filhos, que os meninos, meninas e mulheres denunciem a violência doméstica. E com tudo isso ganhe R$880,00 líquidos com mestrado, e não é a estabilidade como o senhor aponta como contra resposta para um professor, pois se não lutar, eu serei responsabilizada por um fracasso por incopetência dos vários governadores de estados e secretarios de educação que não possuem uma política de estado para a educação, mas política de governo. Por que ficar nesta educação governamental? Porque diferente de muitos da sociedade que culpa o professor pelo erro do sistema, o professor está num fronte de uma guerra silenciosa que é contra a manutenção de uma sociedade escravista no estado de Pernambuco encabeçada pelos políticos, pela justiça e pela mídia.