quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O poder estatal em Alagoas

Jornal do Commercio, 13/02/2008
Secretário se demite e agrava crise em Alagoas Publicado em 13.02.2008
Diante da greve de policiais civis, que já dura seis meses, o secretário de Defesa Social, Edson Sá Rocha, pediu demissão. Seu substituto foi a Brasília solicitar o envio da Força Nacional de Segurança ao EstadoMACEIÓ – A crise na segurança pública em Alagoas, onde policiais civis estão em greve desde agosto de 2007, levou o secretário de Defesa Social, o general da reserva Edson Sá Rocha, a pedir demissão, na noite de segunda-feira. O general alegou motivos pessoais e disse “ter cumprido sua missão”. No lugar dele, assume o subsecretário, coronel Ronaldo dos Santos, que está em Brasília tentando convencer o governo a enviar a Força Nacional de Segurança para substituir os grevistas.
“Alagoas virou terra sem lei. Não adianta trocar de secretário, do jeito que está só resolve se vier alguém de outro planeta”, avaliou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), Carlos Jorge da Rocha.
No 1º Distrito Policial, no bairro da Levada, em Maceió, uma das áreas mais violentas da capital, a sala do delegado Manoel Wanderley despencou há mais de um ano. Nas celas há escorpiões, baratas, ratos e mofo convivendo com os presos.
Na frente da delegacia, o esgoto corre a céu aberto e as viaturas estão arrebentadas. No prédio, as mesas estão quebradas e as portas, arrancadas. Lá, trabalham 22 policiais civis. Ninguém aderiu à greve. “Para não fechar a delegacia, eu faço de tudo. Sou até escrivão”, disse o delegado.
Os policiais têm que cuidar de 500 presos em todas as delegacias alagoanas, além dos mais de 3 mil inquéritos empilhados, sem investigação. Os policiais militares fazem os boletins de ocorrência, e apenas num único lugar: o Centro de Operações da PM. Um policial civil recebe R$ 1.300. Quer ganhar R$ 3.000. O governo estadual, sem dinheiro, oferece um reajuste de R$ 14 por mês, durante 36 meses.
Enquanto a greve prossegue, os alagoanos assistem à escalada da violência. Em 2007, o Estado encerrou o ano com 920 homicídios. De 1º de janeiro até ontem, foram assassinadas mais de 150 pessoas, 42 delas apenas no Carnaval. É quase o dobro do registrado em janeiro de 2007. O governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) decretou situação de “perigo iminente” e foi a Brasília, antes do Carnaval, pedir socorro: em reunião com o ministro da Justiça, Tarso Genro, solicitou cem homens da Força Nacional. Até agora, não foi atendido.
O secretário de Gestão Pública, Adriano Soares, determinou a suspensão dos salários dos 2 mil policiais civis para saber quem está indo trabalhar. Soares foi ameaçado de morte, por telefone, e só vai à rua cercado de seguranças.
Comentário
O poder coercitivo ainda existe em Alagoas? Acredito que não. O governador Teotônio Vilela (PSDB) não é o único responsável pela crise. Lembro que se em Pernambuco já é difícil enfrentar os interesses das corporações policiais, imaginem em Alagoas. Desconfio, de que lá, nunca existiu uma polícia autônoma. Os interesses políticos e econômicos, por vezes, ditaram o comportamento dos policiais.
Porém, ressalto: o policial civil alagoano recebe R$ 1.300. Portanto, não há razão para a manutenção da greve, pois este salário está na média, com exceção da Polícia Civil do Distrito Federal, das forças policiais estaduais brasileiras.
Pergunto aos policiais civis de Alagoas: caso seja concedido o aumento solicitado, o ponto eletrônico pode ser instalado nas delegacias? As prisões de integrantes de grupos de extermínio podem ser cobradas? É Possível definir metas para a conclusão de inquéritos?
Aumento salarial para qualquer servidor público deve vir acompanhado do estabelecimento de metas por produção.

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