sábado, 3 de maio de 2008

Entrevista



Reproduzo entrevista minha publicada no BLOG Acerto de Contas.



Um dos coordenadores da pesquisa sobre Teromômetro da Insegurança e Vitimização na Cidade do Recife, Adriano Oliveira, conversou com o Acerto de Contas.

Adriano é doutor em ciência política, e especialista em violência. Atualmente está trabalhando no Instituto Maurício de Nassau, patrocinador da pesquisa.
Segundo ele, o alto percentual de pessoas que conhecem alguém vítima da violência não surpreendeu, já que Recife é a capital mais violenta do país.

Segue a entrevista com Adriano Oliveira.
Qual é a contribuição da pesquisa?
Mostrar a realidade criminal do Recife. Saliento que as pesquisas de vitimização são raras no Brasil. Analisa-se a dinâmica da violência, as instituições policiais. Mas esquecem de ouvir as vitimas. Veja que uma pergunta é inovadora em nossa pesquisa, isto é: você conhece alguém vítima de homicídio em Pernambuco? Os dados, em parte, têm condições de orientar a política de segurança do Estado.
Foram surpresa os resultados?
O porcentual de pessoas que conhece alguém vítima de homicídio em Pernambuco não foi surpresa de modo algum. Recife é a capital mais violenta do Brasil. Não foi surpresa o fato, também, de que as pessoas de baixa renda conhecem mais indivíduos que foram assassinados. O homicídio faz parte do cotidiano dos pobres.
A população confia na Polícia?
Os dados da pesquisa mostram que não. Isto evidencia, portanto, que os dados oficiais não representam a realidade, exceto os dados sobre homicídios. Nem todos que sofrem algum tipo de delito procuram a Polícia. E quando procuram, a maioria não recebe nenhuma satisfação dela. Então, por que ir até a Polícia se ela não me trará nenhum benefício? A ausência de confiança na Polícia foi construída historicamente. Claro!
Se a população não confia na Polícia, temos baixa sensação de segurança?
Sim. Os pesquisados atribuíram, em média, numa escala de 0 a 10, 3,8 à sensação de segurança. Observem que quanto mais próximo de zero o porcentual estiver, mais insegura a população está. Os entrevistados afirmam que não confiam que a Polícia lhes proteja. Eles têm razão. Se a Polícia não prende o criminoso, qual é a razão, repito, de alguém prestar queixa à Polícia? Acredito que nenhuma. Mas, claro, a culpa dos índices de criminalidade no País não é exclusivamente da Polícia.

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